sábado, 31 de maio de 2008

MULHERES GUERREIRAS.

São as mães de meus alunos, cada qual com sua história de vida, uma mais sofrida do que a outra.

Nesse frio, algumas lá estiveram, no dia de hoje, a fim de ouvir falar sobre seus filhos, numa reunião escolar.

Choram.

Choraram de tristeza e eu as vi chorar de alegria, de emoção, de alívio: seus filhos já sabem ler.

Essas crianças, meus alunos, não são burros, como tantas vezes foram chamados, não são doentes mentais, como fizeram crer, nem disléxicos (agora é moda...), são apenas crianças vítimas de um sistema que deveria abrigá-las, incentivá-las, alfabetizá-las. Graças a Deus isso está mudando, pela menos na intenção ( o que é pouco).

Crianças valentes, mães corajosas.

Mães valentes, crianças corajosas.

__Mãe, agora não sou mais burro, já sei ler.

Mãe e filho choram diante dessa conquista. Ela na sala, para ele não ver, e ele em seu quarto, para ninguém perceber. Choro solitário, sem som, doído...

Vitórias silenciosas. Conquistas diante da luta contra a exclusão, o fracasso escolar, o futuro incerto, o estigma.

Mãe, teu filho lê. Pode dormir em paz, essa batalha ele já venceu.

Mulheres guerreiras, mães de alguns alunos meus. Sou privilegiada por tê-las conhecido.

Beijos.

2 comentários:

Suelly Marquêz disse...

LYZBETH,
guerreiros somos todos nós, a criança que é o aluno, a familia e voce a mestra, ai do brasileiro se nãotivesse pessoas como voce, com toda esta dedicação, se superando a cada instante num sala de aula com pessoas de familias tão diferentes, e nesta diversidades voce consegue fazer a universalidade de todos num só pensamento e sentimento de aprender e mudar suas condiçoes de ser sem letras em letrados e capazes, parabens e meus sinceros agradecimentos como brasileira,
obrigado,

Verônica disse...

Acompanho totalmente as palavras da Suelly Marquêz.
É isso aí, maninha, siga na sua linda jornada e continue nos relatando as suas grandes vitórias e dos seus pupilos também.
Bjos.

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp