domingo, 19 de outubro de 2008

HOJE RECORDEI PARA APRIMORAR (Minha prática e a sondagem)

  • A escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras.
  • Na codificação, os elementos e as relações já estão predeterminados.
  • Na representação, nem os elementos nem as relações estão predeterminados.
  • A invenção da escrita (processo histórico), deu-se na construção de um sistema de representação.
  • Na linguagem escrita, o signo lingüístico é concebido como a união de um significante com um significado (Ferdinand Saussure).
  • A escrita alfabética privilegia a representação das diferenças entre os significantes.
  • As escritas ideográficas privilegiam a representação das diferenças entre os significados.
  • Os programas de preparação para a leitura e escrita, baseados na escrita como código de transcrição, entendem que a aprendizagem reduz-se à transcrição do sonoro para um código visual, pela aquisição de uma técnica.
  • Na concepção da escrita como sistema de representação, a aprendizagem passa pela compreensão da natureza desse sistema de representação, numa aprendizagem conceitual pela apreensão de um novo objeto de conhecimento.
  • No olhar tradicional da evolução da escrita infantil, presta-se atenção apenas nos aspectos gráficos da produção.
  • Os aspectos construtivos consideram os meios utilizados para representar.
  • A escrita infantil, em sua construção, passa por três períodos.
  • No primeiro período, ocorre a distinção entre o desenhar e o escrever. Ao desenhar (representação icônica), as formas dos grafismos reproduzem a forma dos objetos. Na escrita, as formas dos grafismos não reproduzem a forma dos objetos (representação não icônica). As crianças preocupam-se em construir diferenciação entre as escritas. Essas diferenciações podem ser intrafigurais, expressas no eixo quantitativo, onde a escrita com significado, deve ter no mínimo três letras, e no eixo qualitativo, com a variação interna das letras.
  • No segundo período, a preocupação centra-se na busca de diferenciação na escrita, nos modos interfigurais, onde uma escrita difere-se da outra e, também, nos critérios intrafigurais. As crianças exploram a variação da quantidade de letras (eixo quantitativo) e do eixo qualitativo (variação da posição das letras, sem variar a quantidade e variação do repertório de letras).
  • Nesses dois períodos não há diferenciação entre os significantes sonoros.
  • No terceiro grande período, a criança descobre que as partes da escrita (letras), podem corresponder às sílabas. Percebe que a quantidade de letras pode corresponder a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral. Inicia-se o período silábico (e as suas contradições). Nessa hipótese, as letras começam a adquirir valores sonoros (relativos e estáveis). As partes sonoras semelhantes nas palavras são expressas por letras semelhantes. Os conflitos e as contradições desestabilizam a hipótese silábica e levam a criança à escrita silábico-alfabética.
  • Ainda no terceiro período, na escrita silábico-alfabética, a criança descobre que a sílaba não é uma unidade, mas que há elementos menores, que não basta uma letra por sílaba, mas que sua duplicação nada garante, que a identidade do som não garante a identidade das letras, nem a identidade das letras a dos sons. Novos conflitos e novo desequilíbrio. A criança então caminhará para a escrita alfabética, num novo processo de construção que aproximará sua escrita daquela socialmente aceita.


    Texto retirado, quase na íntegra, do livro de Emilia Ferreiro, Reflexões sobre a alfabetização, da Editora Cortez, São Paul, 24ª edição.

Aprender é viver...

Um comentário:

Naurelita Maia disse...

Querida, longe é um lugar que não existe. Amo os seus artigos. É essencial a reflexão e o aprendizado constantes, na busca pela liberdade. Adoro o seu carinho com a esolha pelas imagens. Parabéns!
A propósito está online?
Se estiver manda um email para naurelitamaia@ig.com.br
Beijocas

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp