segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

BRANCA DE NEVE E OS LOBOS MAUS

Era assim, todos os dias depois do recreio eu lia uma história para eles. Podia ser fábula, conto ou conto de fadas, lenda ou algum texto de produção científica. Às vezes lia um livro inteirinho, em capítulos diários, em outras, os textos eram retirados do Livro de Textos do programa Ler e Escrever. Outras poucas vezes, eu mesma levava uma história daqui, alguma notícia de jornal, por exemplo. Só sei que, na grande maioria das vezes, eles ficavam atentos, com os olhos e bocas abertos, esperando os próximos acontecimentos. Era um barato, um grande barato.

____ Vamos lá, minha gente, olhem a capa desse livro, o que vocês estão vendo??

____ E, aí, o que vocês acham que vai acontecer nessa história???

E, página por página, figura por figura, nós todos percorríamos caminhos de pura magia e muito encanto. Em alguns, confesso, com um pouquinho de suspense:

____ E o velho que roubou o sol, descia degrau por degrau, arrastando sua perna que hoje é perna de pau.

E lá ia eu, imitando o velho, caminhando e arrastando a perna de pau. Nesses momentos eu ficava com cara de má, de muito má, levantava uma das sobrancelhas e chegava perto dos meus pequeninos, olhando seriamente para eles. Nossa, era o maior auê!!!

_____ E o lobo mau disse para os cabritinhos:

____ Abram a porta, meus linhos filhinhos, aqui é a mamãe que lhes trouxe um lindo presente...

Eu era o lobo mau (com uma voz bem grossa), os cabritinhos (com uma voz bem fininha, pulando sem parar) e também a mãe dos cabritinhos, uma senhora muito gentil...

___ Rapunzel jogue suas tranças...

___ Não vá pela floresta, minha filha, dizem que lá tem um lobo que é muito mau...

____ E o boto, durante a noite saia para bailar com as lindas moças da cidade...

____ Por que as estrelas piscam?

____ Quando os animais mentem. Os animais mentem???


E por aí vai...

Tivemos um ano "iluminado" pelo brilhos dos olhos de meus alunos diante das histórias contadas. Quem não se emociona com a leitura realizada por alguém, quem não percebe o prazer que a leitura pode trazer, não tem muito interesse em aprender a ler.


A orientação é que se leia ao chegarmos em sala de aula, logo pela manhã, às sete horas, mas, por experiência própria, concluí que ler após o recreio, e isso para todas as turmas, além de trazer o aluno à calma, permite que ele viaje para um mundo muito legal, um mundo de sonhos e fantasias, trazidos pelo livro e pela voz da professora.

João e Maria, João e o pé de feijão, A galinha dos ovos de ouro, O pequeno polegar, etc etc etc etc

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp