terça-feira, 22 de abril de 2008

HOJE FOI DIA DE PROVA.

PROVA!!!

Tenho certeza que você sabe muito bem o que isso significa: mãos frias, geladas, suadas, coração palpitando, mente confusa, sensação de não poder, não saber, branco total. Aposto que todos sentimos isso tudo, ou algo disso, em nossas vidas. Lembra-se desses momentos HORRÍVEISSSSSSSSS? E, se eu não me engano, você vivenciou boas situações escolares, experiências de vitórias, em sua vida escolar, não? Houve um equilíbrio entre coisas boas e ruins, não foi? Ummmm, acho que sim.

Agora, imagina crianças destruídas, cujas experiências de aprendizado na escola trouxeram apenas sentimentos, crenças, certezas, negativas. Imaginou? Bem, meus alunos são assim em sua totalidade. Agora me diga, como dar prova para essa turma? Sabe a dureza que é isso? Eu fiz...

Hoje tivemos prova de Leitura e Escrita (Língua Portuguesa). Digo tivemos, porque sou colocada à prova nesses dias. Alguns alunos até que foram bem, mas outros, outrosssssssss. Veja só minha querida (meu querido), assim, pânico total. Tipo assim, sabe quando você esquece tudo, dá branco? Isso aconteceu em peso, com meus alunos. E olha que a prova não estava difícil. Tá, você pode pensar: pra vocês, professores, a prova NUNCA é difícil... (Sei!!). Mas acontece que essa era fácil sim, juro que era.

Depois de apresentar as questões, explicar como devia ser feito, lembrar que já trabalhamos aquilo, liberei a classe para preenchimento das atividades. Alguns alunos tentaram ir até o fim. Outros pararam no início, os demais, na metade. Um jogou a prova no lixo, outro pela janela, um menino abriu um livro para procurar as respostas nele, uma menina cruzou os braços, indo de carteira em carteira conversar, a outra olhava para mim e sorria, um começou a cantar, outro colocou a carga da caneta na boca e mordeu, engolindo tinta (pensou que ia morrer). Alguns me perguntavam: como é mesmo vogal? Cinco não tinham lápis, uns quatro sem borracha, a maioria sem apontador. Minha prova hoje foi um caos (aparente).

Aposto que você está pensando o seguinte: essa professora é mole, não consegue colocar disciplina na classe. Tá, teu pensamento é: coitada dessa professora...(ôô, dó!!). Nananinanão! Nem uma coisa nem outra. Esses comportamentos são dignos de reflexão por minha parte.

Deixa explicar: meu objetivo como professora não é detonar meus alunos. Não vejo graça em dar nota baixa para ninguém. Aliás, quem ganha com isso? (Me poupe.) Meu objetivo é propiciar momentos de vitórias aos meus alunos, conseguidos com trabalho e responsabilidade. Meus alunos conseguem esse resultado? Alguns já, outros ainda não. Que tipo de aprendizado essas crianças tiveram em suas experiências anteriores, na escola? Você sabe? Nem eu. Não sei, mas posso imaginar.

Crianças com esse tipo de comportamento têm, no mínimo, raiva da escola. São repetentes, todas, a maioria sem diferenciar vogal de consoante e outras coisas básicas. Isso, pra não dizer que desconhecem um texto escrito em poema, fábula, conto ou outros gêneros. Isso se aprende na escola e esses meninos e meninas tão carenciados, não caíram na minha sala, do nada. Cursaram a primeira, segunda, terceira e quarta séries. Agora, de novo a quarta. Meus alunos precisam de um tempo para construir vários aprendizados, inclusive sobre crenças positivas, auto-estima, vontade, trabalho, paciência, essas coisas. Isso não se ensina na escola? Não??? Quer dizer que na escola se pode destruir um aluno, mas construir o positivo, não pode. Olha...

Amanhã, teremos prova de Matemática. Depois de amanhã, novamente, a prova de Leitura e Escrita. Devolverei a mesma e eles próprios farão a revisão de seus erros. Conheço meus alunos, eles precisam de uma chance e afinal, aprender que sempre é tempo de acertar, que tentar de novo é um direito, também se aprende na escola. E, eles podem, sei que podem!!

bjos

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp