segunda-feira, 23 de junho de 2008

GATA, VOCÊ NÃO TEM SAPATO?

Segunda feira, 7h, 11º/12º, manhã úmida e fria.

Encontro meus alunos no pátio. Meu Deus, essas crianças não sentem frio? Vejo-as vestidas em seus moletons rotos, segunda/terceira mão (nunca novos) e penso: eita crianças corajosas, nesse frio e com roupas tão fraquinhas para a temperatura, estão aqui para mais um dia de aula. Nossa!! Quanta coragem. Abraço-as e beijo-as. São crianças encapetadas (risos), ninguém quer tê-las por perto, mas são apenas crianças, crianças com frio. Vamos para a sala de aula. No caminho...

__Oi, prô.

Uma aluninha abraça-me.

___ Oi gata, tudo bem??

___ Tudo, prô.

Olho para seus pés, sandalinhas de dedo. Olho para sua roupa, uma blusa curtíssima (tamanho muito menor) de mangas longas e outra por baixo, regatinha.

___ Gata, você não está com frio?

___ Não, prô.

Logo pensei - mentira! Impossível não sentir frio, com baixa temperatura e com chuva (chuviscos), mas deixei passar. Aí, pergunto, olhando aqueles pezinhos que deveriam estar gelados:

___ Gata, você não tem sapato?

___ Tenho, prô.

___ Então, por que você não está com eles?

___ Porque não servem mais. Meus pés cresceram.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Vocês acreditam nisso?
Meu, doído demaisssss.

Bom, entramos na sala e fechamos todos as janelas, fora uma que estava com o vidro quebrado. Mas, com as cortinas fechadas, ficou bem quentinho lá dentro. Bom, pelo menos no período da aula, meus alunos ficaram aquecidos.

Vixe, amanhã eles terão prova e o frio parece que será maior, mais cruel.

Coitados...

Um comentário:

Suelly Marquêz disse...

OS SAPATOS NÃO IMPEDEM QUE ELES VÃO AO SEU ENCONTRO, LINDA MESTRA(PRÔ, COMO ELES CARINHOSAMENTE LHE CHAMAM,)
voce é tudo de bom na vida deles,
meu pai dizia que mesmo com a barriga vazia ele ia á escola pois queria entender o saber que aquela professora dele dizia que era tão bom adquirir,
sabedoria, prô, é tudo na vida,
beijos,
parabens

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp