Foi assim que eu me senti: confusa e pasma. Quem seria esse homem a invadir "minha" sala de aula?
A cena se deu como num filme, com cenas em câmera lenta. Talvez um filme de terror. Na hora, visualizei o momento até com as neblinas próprias dos trailers do Conde Drácula. Tudo se deu num instante, num mínimo segundo, o suficiente para eu me congelar no lugar e refletir. Acordei (na fração seguinte do tempo), quando o estranho aproximou-se de uma aluna. Num salto (imagino que tenha sido isso), eu estava entre ele e a menina. Pois não, o que o senhor deseja? (algo assim eu perguntei). Filha, mostra quem foi o garoto que te bateu, ontem. - Essa foi a sua fala. Senhor, vamos conversar lá fora? Sim, o pai respondeu.
Em passos curtos, tentando me acalmar, ou o pior, mostrando-me calma sem estar, acompanhei-o até a diretoria. A conversa com a responsável pela U.E. não foi agradável e eu não escreverei sobre o diálogo, nosso diálogo, justamente por ter reservas, algumas críticas e descontentamentos, com relação à gestão atual da minha escola. Por fim, o pai que queria dar uma lição ao menino agressor, aquiesceu diante de meus argumentos, acalmou-se e partiu para sua casa.
Após o episódio (que poderia ter sido trágico), entrei na minha sala de aula e todos estavam, milagrosamente, quietos. Fui apagar a lousa, precisava de movimento para me recuperar do susto. A aula transcorreu, dentro das possibilidades, normal.
Há momentos tão estressantes que eu percebo minhas energias, talvez minha saúde, indo embora. Hoje aconteceu isso. Enfrentei a situação com louvor, eu diria. Tudo foi resolvido a contento, mas só eu sei, dentro de mim, o quanto perdi.
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