terça-feira, 16 de setembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO - A VIDA COMO ELA É

Semana retrasada: seis alunos suspensos por cinco dias. Decisão sumária, arbitrária, preconceituosa contra meus alunos. Não acatei à ordem. Lugar de criança é na escola. Coloquei todos pra dentro da sala. Gerei descontentamento por parte da diretora e vice-diretora. Disse, naquele momento: meus alunos, pré adolescentes, são repetentes e não marginais. Recebi como resposta: a suspensão vai ser boa para eles, assim eles aprendem. Eu respondi: sim, vão aprender muito, inclusive, como ser aliciado pelos traficantes do pedaço...

No dia seguinte: um aluno meu foi transferido para um professor que "sabia dar aulas".

Semana passada: Wlbr me chama de galinha, mostra o dedo do meio para mim. Wsly manda eu tomar no _____

Ainda semana passada: Aluna com fortes dores de cabeça. Peço para ligar pra mãe na secretaria. Vice não pode atender, estava ocupada e a criança não pode ligar. Dor de cabeça aumenta, criança retorna para ligar, telefone não atende. Criança retorna à sala, mas antes ouve: volta pra sala que vc está com frescura, querendo ir embora dormir. Aluna retorna e não me diz nada. Pensei que ela tivesse ligado para a mãe. Depois do recreio: menina vomita na sala de aula até as tripas. Vice manda ela descer. Eu pedi que ela subisse para ver, de perto, a frescura da menina e o resultado de seu (da vice) pouco caso.

Mais uma vez, na semana passada: Sml, revoltado com a suspensão (que foi suspensa), agride e perturba a todos na sala de aula. Tenho dificuldades em prosseguir com meu trabalho.

Na segunda feira: Sml retorna agressivo. Sua fala: você disse uma coisa e o que aconteceu foi outra, e nós levamos cinco dias de suspensão. Meu aluno não percebeu, ou não quis, que a suspensão foi anulada depois de uma conversa minha com os gestores, que durou 50 min.

Ontem: convoquei a mãe de Sml. O aluno tem praticado agressões contra os colegas em sala de aula, além de me desafiar, fazendo justamente o que peço para não fazer. A convocação era de comparecimento às 11h30, no dia de hoje, terça feira. A mãe de meu aluno compareceu ontem mesmo, às 19h, armando o maior barraco, já que seu filho lhe disse que eu o chamei de trombadinha. Nem pude me defender diante da mentira, já que ela compareceu num horário em que estava em casa, estudando, ou melhor dizendo, passando roupas...

Hoje: um aluno meu chuta, violentamente, a barriga de sua colega de classe. Eu nunca tinha presenciado tamanha agressão. Comuniquei à vice, para que alguma atitude mais séria fosse tomada. Recebi como resposta: Se vira! A diretora não foi mais gentil. Com desdém, disse: essa ligação vai demorar... Registrei a ocorrências em livros diversos.

Quase sempre tem sido um horror trabalhar nessa escola, com os alunos PIC: Ahhh, é a classe da Beth??? Manda suspensão pra todos. Ou ainda: uma semana sem recreio! Já prá baixo levar suspensão! Aluno arrotou na hora da leitura do conto? Suspensão pra ele! Professor do ano passado não gosta da criança que esse ano é meu aluno, suspensão pra ele. Ou ainda, na sala de leitura: professora, acho que você não tem crianças como alunos, mas bichos!!! (Um coisa dessas, dita por outra professora, demonstra o nível dessa cidadã. Peguei meus alunos e voltei para a sala de aula. Depois ouvi da mesma pessoa: prô, pq vc não ficou na sala de leitura????). Eu mereço.


Estou cansada. Hoje, estou muito cansada.

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp