domingo, 26 de outubro de 2008

DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO - SERIA ESSE O CASO?

Alguns alunos meus têm comportamento inadequado em sala de aula. Seria o caso de distúrbio de comportamento? Para elucidar, coloco um texto para reflexão (principalmente minha).


Distúrbios de Comportamento: Riscos e Desdobramentos na Escola
por Yara Tandel

Distúrbios de Comportamento são padrões de conduta que podem ameaçar as relações normais entre a criança e as pessoas que a rodeiam e tendem a piorar no decorrer do tempo transformando-se num quadro de Transtorno de Conduta futuro.

As crianças e adolescentes com distúrbios de comportamento representam um grande desafio para os educadores, para a escola e para a sociedade. São indivíduos que apesar de possuírem capacidade cognitiva dentro da média, nem sempre são capazes de realizar suas tarefas acadêmicas, além disso, chamam a atenção do grupo mais pelo desconforto que geram do que pela capacidade de manter boas relações. Podem ser muito tímidos e isolados ou barulhentos e agressivos.

Os alunos com distúrbio de comportamento freqüentam, geralmente, uma escola convencional com currículo comum a sua série e idade. E é, justamente na escola, um dos primeiros espaços de convivência supervisionada, que profissionais experientes vão perceber seu comportamento inadequado. Nesta, a começar pelo professor, passando em seguida pelo orientador educacional e, possivelmente, chegando à direção todos vão se debater com a questão: “O quê fazer com este aluno?”

· Ignorá-lo? Pois ele só quer “chamar a atenção”? Deixá-lo fora da classe para não atrapalhar o grupo? Levá-lo até a coordenadora para uma boa conversa? Suspendê-lo da aula e chamar os pais, mais uma vez...? Colocá-lo numa classe para alunos com necessidades especiais? Encaminhar para um especialista? Pedir a transferência de escola?

Assim, repetidas vezes este aluno problema vai ser posto em pauta até ser deixado de lado literalmente. Será “esquecido” no caso de ser muito quieto ou ao contrário, será retirado do espaço físico comum por provocar conflitos e tumultuar o grupo. De qualquer forma o que se vê é uma tendência a isolá-lo e tratá-lo à parte.

Acompanhando de perto essas crianças e adolescentes cheguei à conclusão que poucas vezes esta forma de ação que pretende tratar colocando separado obtém bons resultados. O que dá certo mesmo é tratar colocando-o junto!

Não fiquei surpresa quando tomei conhecimento através da Agência Européia para o Desenvolvimento em Necessidades Educativas Especiais que a Educação Inclusiva propõe a resolução cooperativa de situações problema sejam estas de cunho acadêmico ou de interação social: “Resolução cooperativa de problemas: Especialmente para os professores que precisam de ajuda para a inclusão de alunos com problemas sociais/comportamentais (...).

A competência social refere-se a um conjunto de comportamentos aprendidos que são socialmente aceitos e desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de condutas favoráveis à convivência em grupo. Uma boa competência social permite interações eficazes com os outros e previne relações socialmente inaceitáveis, além de favorecer a realização acadêmica e profissional, posteriormente.

Por tratar-se de uma construção multidimensional e integrativa, que inclui fatores interpessoais, cognitivos e emocionais a competência social se desenvolve nas práticas interativas entre o indivíduo e seu meio. Sozinho e submetido a ações isoladas, a criança com distúrbio de comportamento tende a aumentar suas discrepâncias acentuando sua inadequação social. É no dia a dia de convivência em grupo que o ser humano aprende a perceber o outro como um legítimo outro, aprende a negociar, interpretar as ações alheias e controlar suas próprias atitudes.

Tenho sugerido às escolas, pais e profissionais que evitem repetir a tendência de separação, própria deste tipo de distúrbio, e combinem ações em conjunto.
Uma vez que o comportamento inadequado “empurra” a criança para fora do convívio social, é preciso estar atento e manter o estado de cooperação entre os adultos responsáveis por ela. Isto significa dizer que juntos devem estabeler metas e fazer avaliações periódicas do processo. Sempre que possível, reunir os pais, educadores, terapeuta(s), e o médico (quando for o caso) numa mesma conversa e quando necessário, a própria criança.


Leia o texto na íntegra: http://interacaohumana.com.br/2/index.php?option=com_content&task=view&id=32&Itemid=9



Meus alunos irão para a quinta série e mudarão de escola. Alguns levarão consigo seus distúrbios e dificuldades.

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp