domingo, 12 de outubro de 2008

HOJE É DOMINGO

Hoje é domingo, são 9 h.

Amanhã, segunda feira, meus alunos chegarão como toda segunda. Já posso imaginar o Brn com suas mãos nos bolsos, sério, com sono, entrando e sentando no seu lugar. Imagino, também, o Glsn aparecendo na porta da sala, atrasado como sempre, meio distraído, sorrindo e olhando para os lados. A Thá chega silenciosa, caminhando devagar, senta-se, coloca a mochila sobre a carteira, apoia seus braços cruzados sobre ela, encosta seu rosto e fecha os olhos. A Thatá chega sorrindo, vem e me dá um beijo antes de sentar-se. O Brn Slv também sorri ao chegar, com seu gorro vermelho, colocado de qualquer jeito na cabeça, meio torto, meio caindo. Já chega e vai me abraçar, aliás, ele gruda e é difícil separá-lo de mim (Brn, me larga, Brn, me larga...). Ele abraça e diz: professooooora, estava com saudades. Como vai você, meu anjinho, meu doce de côco? Ou então: professora, eu tive um sonho com você, precisa ver...

Outros tantos chegam à sua maneira: Jqln, bem devagar. Cldn, uma mocinha, toda arrumadinha, anda como quê desfilasse. Crln, sem saber se entra ou sai, tímida e insegura, olhando para baixo, senta-se num lugar onde não possa ser vista (como se isso fosse possível). Wlbr, entra na sala cantando (alto), com um pirulito na boca, e sempre de mal da professora. Wly, também com o pirulito na boca, andando lentamente e arrastando os pés, já chega perguntando: tem física hoje, professora? E toda segunda feira eu respondo: Não, Wly. Você terá Física somente no Ensino Médio. Hoje você vai ter aula de Educação Física.

PVtr já chega detonando, derrubando tudo, dando tapa em alguns, empurrando quem sentou no seu lugar etc. Aí, a reclamação começa: professoraaaaaaaaaaaa, olha o PVtrrrrrrrrrrr. Bom, ele já sabe o que vai acontecer, e eu também. Digo, como sempre: PVtr! Cara, já chegou detonando? Se liga, garoto!! Ele dá uma piscadinha com o olho esquerdo e sorri pra mim. Ao sorrir, suas covinhas se destacam em seu rosto. Aí, sentado, ele mexe com o aluno que está atrás. Nova reclamação: professoooooraaaaaaaaaaa, olha o PVtr, aqui! Como na segunda feira da semana passada (retrasada, mês passado, semestre passado etc), eu digo: PVTR!!!! Aí, ele fica quieto (Tá bom, professora...).

Minha classe é um sistema, tem seu modo de funcionar, seu ritmo, seu tempo certo. Eu diria que minha classe é um delicado sistema. Qualquer interferência externa, não programada, interfere na sinergia da 4ª C, gerando a entropia no grupo (Nossa, falei bonito, hein? Sinergia, entropia e outros ias. Ainda bem, para mim, que existe o google, senão...).

Bom, mas não sentei aqui para escrever sobre isso tudo, juro. Meu assunto era outro, bem diferente. Eita, como vim parar aqui? Tudo bem. Deixa a outra conversa para o domingo que vem, sem problemas...

Beijocas e até mais.

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp