sexta-feira, 10 de outubro de 2008

RASGO A FOLHA E JOGO O PAPEL PICADO NA CARA DELA!

Quinta feira (ontem)

__ Wlbr, você não terminou a prova ontem!! (Cludn fala).

__ Não terminei, mesmo, e nem vou terminar. Se a professora me der a folha para eu fazer, vou rasgar tudo e jogar na cara dela! (Wlbr responde)

Ouvi o que o aluno disse, fiquei surpresa, mas fiquei na minha.

Eu estava separando os grupos na sala de aula. Ao mesmo tempo, preparava a prova a ser aplicada aos faltantes do dia anterior. Eram duas provas: Português e Matemática. Wlbr não terminou a primeira e negou-se a fazer a segunda, um dia antes.

Distribuídas as provas e as tarefas especiais, coloquei a folha de prova a ser terminada, na carteira do Wlbr. Coloquei e deixei-a lá, quietinha. Wlbr ia pra lá, pra cá, tentou falar com um, depois com outro, mas quase não lhe deram atenção. Por fim, resolveu sentar-se. Sentado, depois de um tempo, iniciou a leitura da prova. Aí, eu peguei uma cadeira e coloquei ao lado da minha mesa.

___ Wlbr, senta aqui que eu vou te ajudar, disse.

___Wlbr levantou-se e, milagrosamente, sentou ao meu lado.

Eu fingi que não tinha ouvido nada no começo da aula, nem toquei no assunto. Ele estava calmo e eu falei:

___ Wlbr, você foi muito bem nas perguntas respondidas da prova de Português. Você acertou todas. E, agora? Vai encarar a prova de Matemática ou vai querer tirar zero?

Ele me respondeu, na maior paz:

___ Não, professora. Quero fazer a prova e não quero tirar zero.

Então, vamos lá, Wlbr.

Começamos a prova de Matemática, juntos (eu e ele). Antes disso, terminamos a de Português. Reli as perguntas e ele as respondeu - todas corretamente.

___ Aí, garotooooo!!! Muito bem!

___ Wlbr, quer terminar tua prova de Matemática sozinho?

___ Quero, professora.

___ Então, vá lá.

Ele foi para sua carteira e com a maior boa vontade. Sentou-se e terminou a tarefa proposta.

Sexta feira - hoje

___ Gente. Do lado de cá da lousa, vou colocar as atividades para a turma de cá (dos alunos avançados) e do outro lado, para essa turma (com 6 alunos que ainda não avançaram na leitura e escrita).

___ Ah, não, professora. Eu não vou fazer nada! (Wly diz).

Eu olhei para ele e não respondi. Houve, de sua parte, como reação, cantoria, idas e vindas até o final da sala, ofensas ao colega do lado e outras tentativas de irritar a classe e a mim. Engraçado, hoje Wlbr disse - se você não quer aprender, fica quieto porque a gente quer!

___ Cala a boca, seu______. Wly, indelicadamente, responde a seu colega.

Bom, minutos depois, sentei-me ao lado de Wly e disse calmamente:

___ Abre teu caderno de leitura e escrita. (Ele abriu)

___ Faça as atividades que estão na lousa, para teu grupo (poucos avanços na leitura e escrita).

___ Aqui, professora?

___É, Wly, aí.

___ Tá.

Wly disse isso e começou a escrever, calmamente. Eu não acreditei, a cena se repetia. No dia anterior, consegui com o Wlbr. Hoje, com o Wly. Nunca pensei que aprenderia tanto com eles, nesses momentos.

Sinceramente? Em outro dia, na mesma situação, eu teria dito: senta e faz!!!! As crianças responderiam ou resmungariam algo e, então, eu falaria (mais brava): senta e faz, agora! Bom, estaria lançado o motivo do drama. O resultado final seria hiper desgastante e muito negativo, tanto para mim quanto para eles.

Nesses dois últimos dias foi tão fácil resolver um problema diário na minha sala. Por que eu não pensei nisso antes???? Eis a pergunta que não quer calar.

Não sei respondê-la. Aliás, algumas perguntas minhas não têm respostas ou eu não as encontrei.

De qualquer forma, quase no final do ano, aprendi como tratar esses dois meninos, que tantos problemas causaram, por causa da indisciplina. Vamos ver como me sairei nos próximos momentos tensos, com esses mesmos ou outros alunos. Espero que venham muitas vitórias....

jocas (de beijocas)

Um comentário:

Suelly Marquêz disse...

Elizabet, na vida tudoo seu momento certo,
estamos aqui para isto, para aprender uns com os outros,
quanta coisa a gente aprende e nao aplica,tem o seu momento,
quantas vezes o outro ainda não está maduro para, e tem a energia positiva, que tambem existe mas nao a vemos, a natureza é fantastica,bastaapenas termoso tempo para analisar e curtir, e istovoce tem feito brilhantemente,
parabens professora, voce é 10!!!

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp