Fico pensando no comprometimento de alguns pais em relação à vida escolar de seus filhos. Numa escala de zero a dez, penso que 30% (ou mais), está abaixo de cinco. Não entendo isso.
Bom, penso o seguinte, quem ama cuida. Para amar, precisamos conhecer. Para conhecer, precisamos de informações, de oportunidades de construção do conhecimento.
Penso também: há uma competição, natural, entre mãe e professora (talvez o contrário seja verdadeiro, não sei). Se isso não for superado, o diálogo entre as principais educadoras (sendo a primeira a mãe), não acontece.
Há crianças sãs, cujas mães/avós/tias ou responsáveis cismam em acreditar no oposto e, com a repetição dessa crença, fazem com que a própria criança se sinta doente (mentalmente falando, nesse caso). Lutar contra isso é muito difícil. A professora diz que a criança pode e consegue, desde que trabalhe para isso (aprender exige ação). A mãe e/ou responsável diz que não, a criança pobrezinha, coitadinha não tem condições de aprender nada, ficará eternamente dependente dela. O pior, o pior de tudo, é que essas senhoras (quiçá, a familia toda) são dependentes dessas crianças, por isso impedem, a todo o custo, seu desenvolvimento, sua autonomia. O que será de mim se ela caminhar com suas próprias pernas? O que irei fazer de minha vida?
Outras crianças, de minha classe, não são bem tratadas por seus padrastos, madrastas, mães, pais etc. Quando chegam à reunião de pais, converso com cada um deles em particular, sobre isso. Uma criança precisa de respeito, proteção, carinho, amor, para se desenvolver saudavelmente, não pancadas. Normalmente, eu oriento esses adultos a fazerem um tratamento médico. Pessoas deprimidas podem se tornar agressivas. Melhor tratar enquanto há tempo.
Minha professora (do SEDES), dizia que eu fazia churrasquinho de mães, que ela podia até sentir o cheiro de mãe fritada (risos). Posso ser exagerada, mas até que se prove o contrário, o resultado escolar do filho depende 50% da participação da mãe (e familia). Sinto muito, mas é assim que penso.
A parábola do semeador foi o texto escolhido para iniciar a reunião entre mim e os pais, na sexta feira (03/10). Coloquei-me no papel da semeadora e a família como a terra onde cai a semente. Onde houver terreno não propício, mesmo que a semente queira germinar, nada acontecerá. Algumas situações familiares sufocam as crianças, como se fossem os espinhos onde a semente cai no meio deles e morre. A família até tenta oferecer um ambiente fértil para o desenvolvimento da crianças, mas, infelizmente, não conseguem (ou não querem). Finalmente (e felizmente), algumas sementes encontram o solo fértil e produzem, ao final, cem por um, mil por um. Essa é a situação, visível, dos alunos que conseguem, que superam qualquer expectativa mediana de sucesso. Vi os pais ouvindo minha fala, silenciosamente e atentamente.
Alguém me disse, noutro dia: os pais podem nem ligar, o mínimo, para o que você diz, para o que você orienta. Você não é tão importante assim. Menos, Beth, menos...
Sim, eu sei. Talvez os pais não me ouçam, talvez nada mude para meus alunos, talvez isso, talvez aquilo. Pouco importa, continuarei tentando. Tenho certeza de que lancei e lançarei sementes, espero que uma, pelo menos uma, produza cem por um. Se nem assim, se não houver nem uma, ficarei chateada, chorarei um pouquinho, ficarei triste, mas depois de três dias, começarei tudo de novo (de outra maneira). A estrada está aí, e eu opto por caminhar...
bjos
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2 comentários:
é!
esse pessoal que vê tudo negativamene é difícil...o que eles fazem na vida se acham q anda vai dar certo?
só tentando que as coisas acontecem!
bjos
Acho o máximo sua opção por tentar...por caminhar...por não ficar parada e ser mais uma a não acreditar!
Sou admiradora do seu trabalho!
Parabéns!!!
Sucesso nesta sua caminhada...pode ter certeza que dentro da escola pública, que foi por muit tempo a minha trajetória eu fui uma das que deu certo..graças às sementes de alguns poucos professores como vc!
Um beijo!
Juliana Frediano
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