Em minhas reflexões concluí que eu, como segunda educadora mais importante da vida de uma criança (a primeira é a mãe), postava-me de forma a levar alguns alunos projetarem em mim a figura materna. Estava eu lá a exercer um papel prejudicial a meus alunos. Penso isso porque não consegui colocá-los a realizar tarefas dentro ou fora de sala de aula. Um deles até se esconde, querendo brincar de esconde esconde comigo. Tá certo, sei que eles têm apenas seis aninhos, mas o restante da classe é da mesma idade. Tá certo (de novo) sei que cada um tem seu jeito de ser etc e tals, só que eles nem o alfabeto conseguem fazer. Na verdade, um desses alunos nunca saiu do São Pau...
Tá, esqueça o São Paulo (São Paulo, 25 de março de 2009 - vcs fazem isso?). Mas nem São Paulo nem nada mais. De repente, a criança está embaixo das cadeiras,escorregando pelo meio da sala, engatinhando e tals.
___Rn volta para o teu lugar.
___ Já vou, prô!
___ Agora, RN.
___ TÔ indo, prô!
___ RNNNNN!!!
Aí ele vai e senta.
Meu, o menino é um fofo, lindo de morrer, mas está me deixando irritada e preocupada. Irritada pq não pára, atrapalha todo mundo e tals. Preocupada pq ele não avança. Bom mais dois aluninhos estão na mesma situação, com comportamento bem parecido. Então, lá vai eu...
Toc, toc...
___Coordenadora, você pode me ouvir?
___ Sim...
___ Bom, estou com problemas sérios com três aluninhos, falei sobre isso com você (e contei toda a história que vcs- leitores- já conhecem). Patati, patatá, cheguei na minha versão da solução do problema:
___ Então, coordenadora, creio que eles precisem de uma professora que exerça a figura de pai, que mantenha a distância, que seja séria, que traga a criança para a realidade do momento, do fazer a tarefa (eu quis dizer o seguinte: uma professora bem durona, como aquela que nos fazia arrepiar de medo quando ouvíamos sua voz no corredor. Vc teve uma assim, neh?). Minhas tentativas foram em vão e essas crianças não progridem, embora não tragam consigo nenhum problema neurológico, físico, mental etc. O meu proceder prejudica esses meninos, eles precisam de uma professora mais, muito mais severa.
____ Mas, Beth (esse é o meu nome, prazer). Tá todo mundo com problema em sala de aula. Já falei com algumas professoras e NINGUÉM quer receber teus alunos (olha como sou amada no grupo).
____ Não é receber meus alunos. Quem sabe elas também não consigam lidar com determinada criança, pq não falam a mesma língua, e eu consiga? Quem sabe o perfil dela (da professora) não é adequado para aquela criança?
____ Ah não, mas aí, o professor tem que dar conta da sua sala de aula. Ninguém sabe o que vai receber na atribuição, ninguém pode escolher muito, nem a classe...
____ EU ESCOHI A PRIMEIRA SÉRIE, senhora coordenadora. A questão não é essa.
____ AHHHH, mas ninguém quer ficar com seus alunos.
____Porque, provavelmente, estão pensando em mim, na professora e não nos alunos. Se pensassem que essa pode ser uma chance dessas crianças avançarem no aprendizado, reconsiderariam. Não sou eu, professora, que preciso de ajuda. Peço uma ajuda, uma alternativa para três alunos meus. Além do mais, eu receberei de bom grado algum aluno cujo perfil não se enquadra naquela sala. Uai, vemos isso em todos os ambientes de trabalho, pq aqui tem que ser diferente? Sempre há pessoas que não se enquadram em determinado grupo, com determinado líder, mas se dão muito bem em outro grupo, outro ambiente, outro líder. Só aqui, mesmo...
___ É, mas sempre foi assim: o professor que dê conta de seus alunos.
____ Tudo bem, eu fico com eles até o final do ano, mas com grande probabilidade, essas crianças, meus outros alunos e eu teremos um desgaste desnecessário, ainda mais sendo a primeira série. E, outra coisa, sempre foi assim? Os professores que dêem conta de seus alunos? Que coisa mais arcaica, hein, senhora coordenadora? Há tantos estudos e tecnologias sobre tantos assuntos, só na Educação, só aqui, que as coisas são da Idade Média.
Em tempo, logo no começo de minha fala, minha coordenadora riu, achou graça, viu uma piada naquilo que eu disse. Sei que ela não tem obrigação de entender ou saber sobre aquilo que eu falava, sobre o papel de pai e de mãe, sobre a figura de pai ou de mãe. Tudo bem, eu podia estar falando a maior besteira, também. Corro esse risco, ainda agora. Mas, por Deus...Não preciso que tirem sarro de mim, quero sim soluções para os problemas enfrentados por meus alunos.
___Coordenadora, já percebi que você não entendeu ou não quis entender o que eu disse. Mas, tenha dó. Não se pode conversar com você nem com a diretora, nem com a vice, que vocês vêm com sorrisinho? Meu, a gente não tem com quem contar, nessa escola. Tá, obrigada, vou sair.
Ela aquiesceu
___ Fale, Elizabeth (esse também é meu nome). Eu não estava rindo...
Tá, muido cedo para discutir, discordar ou algo mais...(7h da manhã)
Conversei com ela e nos entendemos.
Melhor, neh?
___
Projeção (psicologia)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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De forma geral, projeção é a representação ou transferência de sensações, sentimentos, desejos, interesses (processos interiores) para o mundo exterior.
Projeção, em psicologia analítica, é a dinâmica pela qual o indivíduo vê como estando fora dele os conteúdos de sua própria psique que negou e reprimiu. Em outras palavras, seria colocar em alguém uma parte inaceitável do ego, querendo livrar-se desta. Trata-se de um mecanismo de defesa do próprio ego para que possa assumir a existência de si sem algo que o incomode.
Transferência (psicanálise)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente. Esta transferência é executada pelo nosso inconsciente. Para a teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura.
[editar] Transferência Professor-Aluno
Freud reconheceu a possibilidade de que a transferência acontecia na relação professor-aluno. O professor tem seu sentido esvaziado para receber o sentido que é conveniente para o desejo inconsciente do aluno. Assim o professor se torna importante para o aluno, já que possui algo que pertence ao aluno. Desta situação o professor adquire poder, que tanto pode ser usado para ensinar e preparar o aluno quanto para influenciar o aluno a fim de doutriná-lo segundo suas próprias crenças. O professor, como ser humano, também possui seu próprio inconsciente, portanto também pode transferir significado para o aluno - fato que também deve ser considerado ao se avaliar a relação.
[editar] Bibliografia
Heinrich Racker: Estudios sobre tecnica psicoanaliticaEditora: PAIDOS, ISBN 8475093868
R. Horacio Etchegoyen: Fundamentos da Técnica Psicanalítica - 2ª Edição, Editora: Artmed, 2004, ISBN 8536302062
Formação da competência docente
Há 7 anos
Um comentário:
Acho que a coordenadora, a diretora e a vice fazem essas coisas de propósito, pois a intenção é ser tornar a vida mais artística, o problema é que escolheram o Inferno de Dante para representar.
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