quinta-feira, 25 de junho de 2009

LÁ chegou a pouco, em maio, acho. Ela, também, é toda quietinha. Um dia, eu estava escrevendo na lousa e alguém me cutucou, quando olhei para trás era ela:

___ O que foi, LÁ?

___ Eu te amo!

___Como? Não entendi...

___ Eu te amo, professora!


Eu fique parada. Depois de um tempo olhando pro rostinho dela, dei-lhe um abraço e respondi:

___ Também te amo, LÁ!


Nessa semana, ela se aproxima de mim:

___ Professora...

___Agora não, LÁ, estou dando bronca na classe. Sente-se, falo com você depois.

Ela foi para seu lugar. Minutos depois, um ou dois minutos depois, eu ainda irritada, tanto bronca nas crianças, ela fica parada na minha frente:

___ Professora...

Pensei que ela ia pedir para ir ao banheiro e que devia estar apertada, porque veio falar comigo rapidinho, depois que eu mandei sentar-se. Então eu parei o sermão (sabão) e disse:

___Fala, LÁ, quer ir ao banheiro?

___ Não

___LÁ,então fala, o que foi?

__ Te amo!

___ Eu, para variar,pergunto:

___Como?

__ Te amo, professora!

Um comentário:

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp