terça-feira, 8 de dezembro de 2009

AS MÃES QUE NÃO ACREDITAVAM EM MIM

Durante o primeiro semestre uma das minhas dificuldades foi o enfrentamento com as mães e pais que não acreditavam em mim. Hoje, na última reunião do ano, tive a grata surpresa ao observar que esses pais não só passaram a confiar em minhas ações como desejam a minha continuidade, na mesma turma, no ano de 2010.

Eu entendo seus medos iniciais. Também...

Também, esperavam uma coisa e viram outra. Queriam uma cartilha e recebiam uma revista de cruzadinhas. Queriam repetição no caderno de seus filhos e observavam listas de aniversários, de nomes, de meses do ano (jamais repetição). Queriam o algoritmos da soma e encontravam os "desenhinhos" do material dourado. Nossa, que decepção! Um pai disse hoje para mim: eu pedi para minha mulher ver o que estava acontecendo, porque a professora (eu) parecia não fazer a coisa certa. Hoje, esse mesmo pai me disse: professora, obrigada. Minha filha já sabe ler e escrever e estamos muito felizes. Outra mãe, em outro momento, confessou: eu pedi para meu marido vir aqui, hoje e agora, lhe pedir desculpas. Ele não confiou na senhora, no começo do ano, mas hoje está feliz da vida pq Soares já lê muito bem, inclusive para ele.

O Programa Ler e Escrever assusta muito os desavisados. Em todas as reuniões e em outros momentos, procurei explicar o objetivo do meu trabalho, como eu trabalhava e o objetivo de um livro que parecia mais uma brincadeira. É, mas alguns pais continuavam desconfiando. Felizmente, felizmente mesmo, a maioria da primeira série saiu-se bem e, em vez de reclamações, recebo pedidos de desculpas e agradecimentos.

Antes, mães e pais em dúvidas. Hoje, mães e pais confiantes.

Nada melhor que essa conquista.

Um comentário:

MARISTELA SOUZA JOAQUIM disse...

Oi, Beth.
É sempre difícil não ter medo do novo. A insegurança é grande e até quem está no comando do projeto começa a reavaliar tudo que aprendeu, tudo em que acredita. Mas você respeita muito o que faz. E isso faz de você uma pessoa especial no meio de um verdadeiro caos. Parabéns! Esses pais não ficaram com dúvidas do nada. Você sabe o quanto assusta alguém que questiona, que pensa e age conforme suas convicções. Parabéns, de novo. Beijos.

Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp