sexta-feira, 7 de maio de 2010

AS ADORÁVEIS MÃES DE MEUS ALUNOS

Hoje eu vou falar delas, das corajosas, das destemidas, das guerreiras, daquelas que colocam às de Atenas no bolso. Falo das mulheres mães de meus alunos. Algumas, com havaianas nos pés, outras, sem alguns dentes no superior/posterior. Outras, com seus filhos sugando seu leite.

___Gente, vamos lá. Digam-me palavras que comecem com S! Muitas não responderam. Simplesmente não sabiam. Eu disfarcei, perguntei para alguns pais (um deles me respondeu CASA). Eu percebi que algumas se encolherem nas cadeiras. Mudei de dinâmica, prá que envergonhar mulheres guerreiras? Que importância tem um S no início de uma palavra, diante de tudo o que essas senhorinhas vivenciaram, sobreviveram? Eu tenho orgulho dessas mulheres, mães de meus alunos. Vocês não imaginam o quanto.

Em todo o meu curso superior estudei isso, essa realidade: mulheres trabalhadoras e seus filhos. Na verdade, o afeto das mães na aprendizagem da lecto-escritura foi o tema de minha monografia. Mulheres pobres. A mim interessavam mulheres de baixa renda. Fui trabalhar na periferia, escolhi lá no momento de minha efetivação. Nada foi aleatório. Ainda na faculdade, me apaixonei pela garra dessas mulheres, provavelmente porque minha mãe foi uma delas. No projeto institucional, minha monografia tratava justamente das mulheres trabalhadoras, baixa renda e o aprendizado da lecto escritura de seus filhos. Estudei a História das mulheres, do séc. XVII até agora, no ano 2000.

Mães trabalhadoras - a maioria sustenta a casa, já que seus maridos estão desempregados.

Os alunos da minha classe estão "bombando". Mães, seus filhos são ótimos, de uma inteligência fora do comum.

Eu consigo o que consigo na minha sala de aula, com aquelas crianças, porque as mães de meus alunos acreditam no meu trabalho e me apóiam. Sem isso, eu pouco conseguiria.

__Mães, sou-lhes grata.

Essa foi a minha principal fala, no dia de hoje, na reunião de pais e professora, da minha escola.

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp