Como já disse, os papais de meus alunos, em sua maioria, são desempregados. As mamães que sustentam a casa, trabalhando como diaristas (faxineiras ou passadeiras de roupas). Já disse, também, que pago pau (gosto muito) dessas mulheres guerreiras, mas não posso deixar de dizer que olho para os papais de meus alunos com muito respeito. Sei, penso que sei, o que um emprego representa na vida de um homem e nem preciso comentar a dificuldade dessas famílias com o seu líder financeiro inativo. A barra é muito pesada, imagino.
Por isso, ontem na reunião de pais, prestei atenção naqueles senhores que me ouviam com cuidado, falando de seus filhos. Uma das minhas frases (preferidas por sinal) é: saber ler e escrever é um direito das crianças. Das crianças?? De todos! Essa deveria ser minha fala. E, olhando para aqueles homens (que me olhavam e engoliam minhas falas), eu me condoí. Eles não tiveram o direito ao aprendizado da leitura e escrita. Não tiveram AINDA! Mas, como explicar para essas criaturas, pobre homens (?????) que independente da idade que tenham, o tempo de aprender é todo o tempo.
Hoje eu percebo que eles fazem muitas coisas por amor, lógico. Muito mais do que isso, eles procuram ajudar nas lições de casa, como podem, para evitar que seus filhos errem ou deixem a lição em branco. Por que isso? Porque eles não aprenderam a ler e escrever e sabem como a vida é dura sem essas ferramentas. Dureza...
Eu simplesmente proíbo qualquer ajuda na lição de casa. Nem dos pais que lêem nem dos analfabetos. Minha proibição sumária aos pais(talvez eu seja muito dura nesse ponto, preciso repensar) nas tarefas escolares dos filhos têm gerado um conflito enorme com meus parceiros. Alguns não aceitam. Estou começando a entender o motivo.
Terei eu que flexibilizar???
Mas, a função do pai é APENAS e tão somente colocar a criança para fazer a lição. O resto é com ela, sem dúvida. Pelo menos, assim deveria ser.
Formação da competência docente
Há 7 anos
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