Minha aluna é uma menina linda. Alta, negra, cabelos compridos e olhos verdes de gata. Nos seus dez anos de idade, corre prá lá e prá cá, num pega pega sem fim, com seus colegas de classe. Até há pouco, essa aluninha apanhava da mãe (pasmem), porque não sabia ler. Nesse ano, ainda, eu fiz um breve acompanhamento psicopedagógico com a garota. No contato com a mãe, a própria me disse que batia na garota para que ela aprendesse a ler. Desse jeito, eu disse, a senhora está prejudicando o aprendizado de sua filha e não favorecendo. Prometeu que iria parar de bater, mas que nada.
Agora em 2008, Jali é minha aluna da quarta série, repetente. Nos meses iniciais eu conversei com meus alunos sobre o não direito que seus pais têm em bater neles. Falei do Conselho Tutelar e tudo o mais. Num determinado dia, Jali me disse:
___Prô, meu pai quase me bateu ontem. Mas aí, eu disse que se ele me batesse eu iria denunciá-lo naquele lugar que você falou.
___Ahhh, o Conselho Tutelar??
___ É, prô. Eu disse que ia no orelhão falar que ele tava me espancando.
De repente, o pai de Jali mudou de idéia e não bateu na criança. Essa garota parou de apanhar dos pais e, milagrosamente, aprendeu a ler. Hoje ela lê como ninguém, inclusive, lê para sua mamãe e seu papai. Jali tirou nota 9,0 na prova de Leitura e Escrita.
Minha aluna gata está conseguindo, conquistando, vencendo seus medos e seguindo em frente com sucesso. Papai e mamãe devem estar orgulhosos. Infelizmente, essa garota apanhou demais pro meu gosto. Isso não deveria ser assim. Isso não precisaria ser assim.
Cruel!
Formação da competência docente
Há 7 anos
Um comentário:
hahahahaa
a menina ameaçando o pai
muito boa!
os nomes são fictícios?
Postar um comentário