terça-feira, 19 de agosto de 2008

INFORMAÇÃO X CONHECIMENTO X INTELIGÊNCIA

Engraçado perceber que as pessoas confundem inteligência com informação e informação conhecimento. Isso acontece com os pais de meus alunos.

Inteligência significa, basicamente, entendimento, conhecimento, faculdade de compreender, sagacidade, rapidez de apreensão mental, facilidade na solução de problemas etc. Já a informação é o que vem como resposta a uma pergunta, por exemplo. Quando assistimos à televisão, quando contamos uma piada, lemos um jornal ou um livro, estramos em contato com as informações, por várias mídias. Na verdade, sabemos o que é informação intuitivamente mas não sabemos conceituá-la. O conhecimento, entretanto, decorre do uso da informação. Ou seja, o conhecimento resulta do utilização da informação na compreensão de um objeto, fato, pessoa etc. ( Eric Fromm, maravilhoso, diz que para amarmos temos que conhecer. Legal, neh?)

Considero meus alunos inteligentes, mesmo antes de sua autonomia na leitura e escrita. Gardner trouxe-nos informações importantes, em sua Teoria das Inteligências Múltiplas.

Hoje recebi o relato de uma mãe/madrasta, sobre a atuação do pai de meu aluno. Esse senhor desconsidera as conquistas de seu filho, comparando-o com suas irmãs, elogiando a postura dessas em detrimento aos resultados obtidos por GLE. Eu não gostei e disse à senhora: vocês prejudicam demais meu aluno agindo dessa forma. GLE recebe, diariamente, de seu pai, torpedos anti-auto-estima-positiva. Até considerado disléxico ele foi. Hoje ele caminha na escrita e leitura, além da Matemática. Seus registros podem melhorar e serão aprimorados, mas, no dia a dia, as respostas desse garoto aos problemas por mim levantados são excelentes, demonstrando sua inteligência.

Na conversa, sua madrasta/mãe repetiu várias vezes: GLE ainda não sabe ler. Admirada eu respondia: sabe sim, ele lê aqui na sala de aula. A mãe repetia o refrão (ele não sabe ler) e eu contra argumentava: sabe sim. Prometi que iria descobrir o motivo dele não ler em casa. Na hora, veio à minha mente a história da Cinderela. Pensei numa situação invertida, GLE como o Cinderelo, seu pai, o padrasto cruel e suas irmãs adotivas, que dele riem muito, diante de algum erro. Muito cruel...

Escrevi esse texto justamente pensando no meu aluno. Sei que ele é inteligente, responde brilhantemente algumas perguntas apresentadas, lê (ainda sem plena autonomia), e faz suas tarefas em sala de aula/casa. Fiquei cismada com isso: por que ele não demonstra saber ler para seu pai e irmãs? Além do constrangimento que essa turma faz meu aluno sofrer, o que acontece, de fato, com ele, em casa?

Como mensagem final, disse à mãe: até eu, ao ser pressionada, constrangida, cometo erros absurdos. Posso imaginar o que acontece com meu aluno...

Te contar, viu?
Pais, melhor não tê-los...

Para ler:
http://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/aulas/tema-11-24mai99.html
http://www.espacoacademico.com.br/031/31cmatos.htm
http://www.homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp