segunda-feira, 19 de julho de 2010

MOTIVO MARAVILHA E A LECTO-ESCRITURA

No sábado ganhei um tapetinho e um porta papel higiênico de minha filha. As peças são lindas, feitas em tricot, com flores em motivo maravilha. Quer saber o que é isso? Acesse:http://www.aprendendocroche.com/receitas-de-croche/video-aula.asp?func=display&resid=613&tree=20.

Bom, até aí beleza. Só que eu, praticante de crochê em outrora, resolvi fazer a danada da florzinha. É fácil, pensei, já fiz isso quando era mocinha, diversas vezes. Mas, que nada. Não consegui na primeira, nem na segunda e nem na terceira. Sentada em frente ao micro, olhando as fotos, passo-a-passo (passo a passo?), de cada etapa da carreira de crochê, sentia-me como se fosse cega. Não conseguia de jeito nenhum. Tem algo errado, isso não dá certo. Aí...

Aí eu pensei: meus alunos, e todos os que ingressam nas séries iniciais do fundamental I, olham mas não veem. O alfabeto com todas as letras está ali, na frente deles, exposto, em amarelo e azul, em letras enormes, em eva, mas eles não enxergam.

____ Pedrinho, qual é a letra C?
Pedrinho olha, olha, olha de novo, vai do começo para o fim, do fim para o começo e nada.

___ É aquela, professora! Ele diz isso me apontando o T.

Ontem eu estive que nem o Pedrinho. Olhava as fotos, olhava, olhava, olhava de novo e não via nada. Nadinha de nada. Meu Deus, que aflição!!! Que coisa ruim. Deve ser a lã, pensei. Fui lá e troquei a cor e a qualidade da lã, várias vezes. De novo, insucesso. Desisti. Fui dormir.

Pedrinho, como os outros alunos, vai tentar novamente, diversas vezes. Mas, se ele não tiver sucesso, irá desistir. Com certeza!!! Aí entra o professor, o mediador. Tenho que saber exatamente o que se passa na cabecinha do meu aluno, para intervir. Como reconhecer os sinais se não estou atenta? Como perceber que aquele é o momento da intervenção, da minha ação, se estou distante (sentada, conversando com a colega no corredor, preocupada com outro aluno etc). E não é questão de feeling, é questão de saber, de conhecer, de entender que aquele é o momento, aquela é a hora.

Acordei, hoje é um novo dia. Peguei a agulha de crochê e uma lã amarela. Melhor para visualizar. Liguei o micro, chamei a página e...vamos de novo. Fiz tudo o que a página propos, todas as etapas. Eu tinha que conseguir, nesse ou em outro momento. Com ajuda desse site ou de outro. Não importa. Comecei. Fiz as correntinhas. Fiz a primeira carreira de pétalas. Deu certo! Segui em frente. Deu certo de novo!!! Que alegria!! Que sucesso!! Fui indo, sexto passo. Consegui. EU CONSEGUI!!!

Minha florzinha está lá, ou melhor, cá. Linda de morrer, perfeita. Ontem fracassos, hoje vitórias.

Meus alunos não conseguem ir pra frente sozinhos. Ainda precisam de mim, enquanto professora. Ainda precisam dos pais, incentivadores, apoiadores. Se perdem o desejo, os pais têm que estar ali, oferecendo o desejo deles. E a professora? Sem o afeto positivo da professora, com abordagem adequada, quem tem dificuldade, ficará com ela. No final do ano, criam-se as salas PIC´s. Quem sabe um dia...

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Construção

Construção
O eu, escreveu Lacan, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho - este sou eu. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. O bebê tem que (é obrigado a) se “alienar” para que se constitua um “sujeito”. Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completo (completude). Esta perda/separação vem por meio do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade etc.). http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/24/artigo70925-1.asp